segunda-feira, 4 de abril de 2011

Bishop

Fiquei simpatizante dessa escritora americana após ler suas correspondências com Robert Lowell na Piauí.
Ela morou no país durante dezesseis anos e começou a tecer suas percepções do ''Brazil'', da época do golpe. Aquela coisa de ''Quem vê de fora enxerga melhor de quem está dentro''. Vale a pena ler, é bem interessante.

Esse trecho é ótimo (correspondência de 26 de maio de 1963)
 ...
Os rapazes brasileiros são muito diferentes dos americanos, sem dúvida - amantes dos 14 anos em diante, mais ou menos. Eles sabem tudo de l'amour, mas não têm a menor idéia de como fazer a cama. Ou limpar os sapatos, ou de como ganhar dinheiro - ou quanto custa viver - ou como é a vida real da sua empregada. De fato, eles nem vêem a classe pobre como gente, e ainda acham que são comunistas.

Ela se esqueceu dos comunistas cantores de elite, principalmente um que flerta com as mulheres de atenas às seis horas da manhã até hoje! Muito cedo pra isso hein!

Da sua poesia, gosto muito daquela ''A ARTE DE PERDER'', fiz uma versão pra mim. Que graça;

A MINHA ARTE

A arte de perder é a minha especialidade
Coleciono perder isqueiros, por exemplo, chaves, livros, óculos.
Perco a cabeça sem nenhum critério e bem rápido.
Uma vez perdi o cartão do banco, isso é muito sério!
E por outras perdi inúmeras vezes a oportunidade de ficar calada.
A arte de perder é mesmo a minha especialidade
Todos os dias a vontade de parar de fumar, eu perco.
Perdi a força para esquecer amores
Também dois empregos, os salários eram bons mas a minha dignidade também é boa
Mas não é nada sério.
Esquecer datas de aniversário de amigos, é comigo mesma.
Gostaria que não achassem que é sério. Não é tão sério, tem todo ano!
Mesmo me perder não muda muito, cedo ou tarde vou ser obrigada a me achar. Portanto é óbvio
que a arte de perder é o meu maior talento e naturalmente perco a oportunidade de ''ter que ser'' tão séria.''

Nenhum comentário: